quinta-feira, 23 de julho de 2020

65% das crianças estão viciadas em dispositivos, especialista lista perigos e propõe alternativas para afastar os pequenos das telas


Que o uso excessivo de telas traz prejuízos à vida dos pequenos não é mais novidade. Mas, em tempos de quarentena, com aulas acontecendo de forma remota, as interações com amigos e familiares passando a acontecer de maneira virtual, surge aí novas formas de se relacionar tendo como base celulares, tablets e computadores. Além disso, a exposição às telas, em muitas casas têm sido como uma espécie de babá para que pais consigam dar conta das atribuições domésticas e do home office.

De acordo com um estudo indiano, uma média de 65% dos pequenos estão viciados em dispositivos e são incapazes de manter distância deles mesmo que por 30 minutos. A terapeuta ocupacional do Hapvida em João Pessoa, Talita Veloso, alerta que o uso das telas pode provocar danos ao desenvolvimento das crianças a curto, médio e longo prazo. “A curto prazo é a diminuição da interação social, principalmente no caso de celulares e tablets. A médio e a longo prazo, alguns estudos associam o uso excessivo desses aparelhos eletrônicos a aprendizagem deficiente, déficits de atenção, impulsividade, agressividade, sedentarismo, obesidade, distúrbios do sono e da visão”, elenca a especialista.

O Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) oferece a pais e responsáveis orientações sobre a utilização de telas e internet por parte de crianças e adolescentes. Em meio às orientações, estão a de evitar a exposição de crianças com menos de dois anos; limitação de uma hora por dia para crianças de dois a cinco anos; de duas horas por dia para crianças entre seis e 10 anos; e em até três horas por dia para crianças e adolescentes entre 11 e 18 anos.

Na contramão do que propõe a SBP, uma do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), com 900 crianças de quatro a seis anos de idade, apontou que 55% das crianças avaliadas faziam refeições assistindo televisão e 28% passavam longos períodos utilizando as telas. A pesquisa identificou também que o uso excessivo de tela aumentou o risco de as crianças apresentarem habilidades motoras pobres, além de promover a inatividade física e contribuir para diminuição das horas de sono.

Diante de tais números, a terapeuta ocupacional Talita Veloso explica que “o tempo que as crianças dedicam às telas, quando excessivo, limitam que os pequenos vivam experiências corporais consideradas de suma importância para o aprendizado durante a infância”. A especialista ressalta ainda que celulares e tablets são dispositivos que podem ficar muito próximo aos olhos das crianças e isso pode facilitar o surgimento precoce de distúrbios visuais naquelas com tendência a desenvolvê-los.

Buscando a saída – Apesar de toda dificuldade, a especialista reforça que é preciso buscar saídas para essa realidade, buscando envolver as crianças com atividades que possam contribuir para o desenvolvimento. “No caso de crianças que já têm uma compreensão, os responsáveis podem ressaltar e participar de outras brincadeiras, mostrar que brincar com os irmãos é tão divertido quanto um jogo de celular”, pondera.

Porém, nem toda família tem mais de um filho para seguir a recomendação da especialista e nesse período de quarentena é preciso se reinventar para possibilitar uma diminuição no tempo dos pequenos às telas. Isso é o que tem feito a estudante de pós-graduação Patrícia Medeiros com sua filha de quatro anos, Alice Medeiros. “Alice é filha única e antes da quarentena tinha contato constante com os primos, mas com o distanciamento social, já faz mais de 100 dias que ela não os vê e precisamos buscamos alternativas para a falta de contato com outras crianças, sem o uso excessivo e abusivo das telas, buscando sempre a saúde e o bem-estar dela”, refletiu a mãe, que também é assistente social.

Patrícia disse que ao longo desse período tem realizado atividades de pintura em gesso, cartolina e livrinhos específicos para desenhos. “Ela faz uns desenhos lindos e coloca neles o nome dos primos, tios, o meu, o do pai. Mas a maior alegria desse tempo longe das telas foi vê-la escrever o nome”, relata.

Já para quem tem filhos que, diferente de Alice, não conseguem entender que há um tempo determinado para usar as telas, seja para assistir o desenho preferido ou jogar alguns games, Talita Veloso sugere a utilização de algumas estratégias como aos poucos diminuir o volume ou o brilho da tela da televisão, tornando a atividade desinteressante.

Contudo, tenha a criança entendimento das coisas ou não, a terapeuta ocupacional enfatiza que os pais devem oferecer alternativas de brincadeiras ou atividades que despertem o interesse da criança. “Dançar, pintar, brincar com texturas diferentes, ouvir histórias, entre outras possibilidades. É primordial estabelecer uma rotina. O adulto pode montar com a participação da criança, no início de cada dia um cronograma das atividades, contendo os horários e as atividades que serão feitas em cada horário. Para crianças que não desenvolveram a leitura ou crianças com Transtorno do Espectro Autista podem-se utilizar fotos ou figuras”, sugere.

Assessoria de Imprensa Hapvida



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