sexta-feira, 19 de março de 2021

Reflexão Quaresmal do Padre Luciano Guedes: “A dor dos Irmãos”


A DOR DOS IRMÃOS

1. Certa vez, Jesus explicou ao mestre na Lei, a história do samaritano que enquanto descia de Jerusalém para Jericó, foi capaz de socorrer um homem caído na estrada, machucado e ferido, vítima dos assaltantes.

2. A compreensão do mestre da Lei, identificando-se com o próximo amparado pelo samaritano, diferentemente da pressa de levitas e de sacerdotes que não prestaram socorro ao passarem pela cena, foi a ocasião para ele “possuir a vida eterna”, chamado a imitar o mesmo gesto, conforme ordenou o Senhor. (cf. Lc 10, 25-37).

3. Em nossa cultura atual, profundamente marcada pela rapidez das informações, nós, os cristãos, precisamos refletir mais sobre a forma como manifestamos a nossa solidariedade aos irmãos que sofrem as amarguras e as dores da vida.

4. No Catecismo da Igreja Católica lemos que “a enfermidade e o sofrimento sempre estiveram presentes entre os problemas mais graves da vida humana. Na doença o homem experimenta a sua impotência, os seus limites e a sua finitude”. (n. 1500)

5. Diante dos caídos no caminho, não se trata apenas de publicar a notícia da hora, de comentar o luto alheio nas postagens do infindável rolo de atualizações, de repassar o vídeo de quem está doente ou a foto de quem faleceu com a afirmativa: “Estou prestando a minha homenagem, estou fazendo a minha parte!” Divulgar a dor do outro não significa ser solidário com a sua tribulação.

6. Mais importante será a iniciativa por exemplo de tomar o próprio telefone e fazer uma chamada para falar de modo pessoal e direto com aquele a quem devemos o respeito e a consideração. Diante da dor do irmão, devo perguntar-me: Que apoio eu posso oferecer como remédio e alívio? Que “palavra” de conforto e de consolação eu posso dizer-lhe?

7. O risco de uma comunicação superficial poderá “banalizar” o sofrimento e a dor humana, como se estas realidades significassem um espetáculo inevitável que assistimos à distância sem nenhuma empatia ou comprometimento real.

8. A dor de um irmão não deveria constituir simplesmente uma notícia, mas expressar sempre o Corpo de Cristo chagado que padece e pede-nos compaixão, cuidado e misericórdia.

9. No pântano da pandemia, que lamentavelmente atravessamos, tratemos o sofrimento dos irmãos com os olhos da misericórdia de Cristo! Eis aí um exercício espiritual, que podemos de modo prático, assumir em nossa presente Quaresma.

Padre Luciano Guedes
Vigário Geral da Catedral de Campina Grande

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