O nome Cuité vem do uso que os índios
Cuités, da grande tribo dos Cariris, faziam do fruto da coitezeira utilizando
para o fabrico de cuias, gamelas e cochos. No dialeto indígena "Cui"
quer dizer vasilha e "etér" grande, real, ilustre. O padre Luiz
Santiago no seu livro “Serra de Cuité: sua história, seus progressos, suas
possibilidades”, afirma que os índios que habitavam as terras que hoje é o
município de Cuité foram aldeadas pelo padre João de Barros no ano de 1696.
Ainda de acordo Santiago, em 08 de dezembro de 1704, o Conde de Alvor requeria
a primeira data, nesta serra, com o nome de Data do Olho D’água de Cuité,
recebendo a concessão no governo de Fernando de Barros e Vasconcelos.
Contudo, padre Luiz atribui a origem de Cuité a
Caetano Dantas Correia, que em 31 de outubro de 1784, requereu a Data da Lagoa
do Cuité e a fim de povoá-la, edificou uma capela em homenagem a Nossa Senhora
das Mercês, e na companhia do irmão Simplício Dantas Correia passaram a
promover festas naquela localidade. Caetano Dantas Correia doou meia légua de
terra tirada daquela data que tivera requerido, ao entorno da capela, com o
objetivo de se construir o “patrimônio da santa”. Na data de 25 de agosto de
1801 a capela passava à sede de freguesia, desligando-se da freguesia de Caicó
no Rio Grande do Norte, através de decreto assinado pelo então bispo de Olinda,
Dom José Joaquim de Azevedo Coutinho, tendo sido Manoel Fernandes Pimenta o seu
primeiro vigário.
Este ano de 1801 tornou-se importante para esta
região, pois fora nesta data que foi criada a freguesia de Nossa Senhora das
Mercês da Serra do Cuité, desmembrando-se assim da freguesia de Nossa Senhora
de Santana, Vila Nova do Príncipe. No ano de 1815, através de Alvará Régio fora
criada a Vila Real de Brejo de Areia, apenas instalada em 1818, cujo território
abrangia as povoações de Alagoa Grande, Bananeiras, Guarabira, Pilões, Pedra
Lavrada e Cuité.
Somente no mês de outubro de 1827, é criado o
distrito de paz de Cuité, pela Lei de n° 15 e o termo judiciário de Cuité foi
criado pela Lei n° 04 de 27 de maio de 1854. A partir desta data a povoação da
Serra de Cuité fora elevada à categoria de vila e seu território abrangia as
áreas ocupadas atualmente pelos municípios de Barra de Santa Rosa, Picuí, Nova
floresta, Frei Martinho, Nova Palmeira, Cubati e Pedra Lavrada. Entre os anos
de 1800 a 1827 Cuité é elevado à categoria de distrito, sua comarca somente
fora criada em 25 de junho de 1872, sob a denominação de Comarca da Borborema,
mas este benefício foi suprimido no ano de 1891, sendo restabelecido em 1900.
Quatro anos depois o município e a comarca de Cuité foram anexados ao município
de Picuí, com o nome Serra de Cuité.
Na data de 18 de dezembro de 1936, através da
Lei estadual de n° 99, Cuité fora elevado à categoria de município com a
denominação de Serra de Cuité, desmembrando-se de Picuí, sendo constituído de
dois distritos, sendo estes: Serra de Cuité e Barra de Santa Rosa, este criado
pela mesma lei que criou município, que fora instalado em 25 de janeiro de
1937. Através do Decreto-lei estadual de n° 1.164, de 15 de novembro de 1938, o
município de Serra de Cuité passa-se a ser chamado apenas Cuité e o distrito de
Barra de Santa Rosa a chamar-se Santa Rosa.
CUITÉ PARAÍBA: A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE UMA CIDADE
Por
José Ozildo
Até o final do século XVII, o Curimataú
Paraibano era habitado por tribos indígenas, pertencentes à grande nação
Tarairiús, verdadeiros Tapuias do Nordeste, que desde os primórdios da
colonização, se opuseram à penetração lusa e à conquista de suas terras. Tais
tribos dividiam o sertão paraibano com os cariris, com os quais, muitas vezes
foram confundidos. Nação dividida em muitas tribos, os tapuias praticavam o
endocanibalismo, ou seja, comiam seus próprios parentes, alegando “que não
havia lugar melhor para guardar os seus do que dentro de si mesmo”. Possuidores
de uma grande altura, força e coragem, os tapuias corriam como um cavalo,
alimentando-se basicamente de mel de abelha, “que habilmente tiravam das
árvores e misturavam com o pó moído dos ossos de seus mortos, para beber”. No
Curimataú paraibano, habitavam as tribos Janduís, Canindés, e, especialmente,
no local onde se ergue hoje a cidade de Cuité, os Sucurús. O povoamento da
Serra do Cuité iniciou-se após a guerra de expulsão dos bárbaros, na qual o
homem civilizado de maneira cruel e inominável exterminou os primeiros
habitantes da região. Nos primeiros anos do século XVIII, aqui chegaram os
primeiros povoadores, procedentes das margens do Rio São Francisco e Zona da
Mata de Pernambuco, em busca de terras propícias à lavoura e à criação de gado.
A primeira sesmaria concedida na região onde
hoje se constitui o município de Cuité, datada de 08 de dezembro de 1704 e
transcrita por João de Lira Tavares, em seu livro “Apontamentos para a História
Territorial da Paraíba”, refere-se ao Conde de Alvor, que através de um seu
procurador, solicitava terra ao longo do Olho D'água do Cuité, “que dele nasce
o rio Jacu, lagoas correntes para o Rio Grande e Apudy”. Ainda em dezembro de
1704, Bartolomeu Barbosa Pereira, José Gomes Pereira, Antônio Mendonça Machado
e o capitão Antônio Carvalho de Vasconcelos, requereram e obtiveram datas de
terras ao longo do Rio Jacu, nas proximidades da Serra do Cuité. Entretanto, os
primeiros sesmeiros cuiteenses, salvo uma ou outra exceção, não vieram
pessoalmente tomar posse das terras obtidas e dirigir suas fazendas. Faziam
através de procuradores, como é o caso do Conde de Alvor, que segundo Celso
Mariz, residia em Santos, onde era Provedor da Fazenda Real. Entre os primeiros
sesmeiros da Serra do Cuité, apenas o capitão Antônio Carvalho de Vasconcelos
permaneceu na região e em 17 de outubro de 1731, solicitou do governo da
Capitania da Paraíba, a ratificação da sua data de terra ao longo do Rio Jacu,
alegando não tê-la registrada dentro do prazo determinado pelo regimento da
Provedoria da Fazenda Real, por descuido, pois se achava “o suplicante naquele
tempo no dito sertão, ocupado na povoação das ditas terras”.
A fundação da cidade de Cuité cabe ao coronel de
milícias Caetano Dantas Correia, que juntamente com sua esposa dona Josefa de
Araújo Pereira, doou meia légua de terras nas proximidades do Olho D'água do
Cuité, para constituição do patrimônio de uma capela, que pretendiam erigir com
invocação a Nossa Senhora das Mercês. A referida escritura de doação, datada de
17 de julho de 1768, foi lavrada na povoação de Nossa Senhora do Bom Sucesso do
Piancó, pelo escrivão Antônio Gonçalves Reis Lisboa.
Considerada como a ‘certidão de batismo’, esta
escritura foi descoberta pelo historiador Coriolano de Medeiros e transcrita na
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. Assim, “tão somente
movidos de superiores impulsos e intensa devoção”, Caetano Dantas e sua esposa
doaram as terras necessárias à constituição do patrimônio da referida capela de
Nossa Senhora das Mercês, principiando, em sua fazenda, a povoação da Serra do
Cuité. Caetano Dantas Correia era natural da cidade da Paraíba do Norte, onde
nasceu em 1710. Foram seus pais o português José Dantas Correia e Dona Isabel
da Rocha Meireles. Esta, paraibana, filha de Manoel Vaz Varejão. Na idade de 17
anos, já sem seus pais, Caetano seguiu para os sertões de Piranhas, em
companhia de seu irmão mais velho Antônio José Dantas Correia, onde permaneceu
pelo espaço de 25 anos.
Posteriormente, em 1752, instalou-se com
fazendas de gado no Riacho das Carnaúbas, no Seridó norte-rio-grandense. Em
1753, já casado, aquele desbravador fundou a fazenda Carnaúba, que pela
continua assistência de seus descendentes, tornou-se lentamente uma povoação e
recebeu o nome de ‘Carnaúba dos Dantas’.
Após a morte de Caetano Dantas, ocorrida em 18
de julho de 1797, o latifúndio da Serra do Cuité foi partilhado em doze partes
e consignado à dona Josefa e aos filhos: Micaela, Francisca, Caetano (2° do
nome), Simplício, Maria, Manoel Antônio, José Antônio, Gregório e Alexandre. Em
1848, os herdeiros e sucessores do referido coronel solicitaram a retificação
dos limites de suas terras, demarcando também, os limites da meia légua de
terra, patrimônio da Paróquia de Nossa Senhora das Mercês, doado em 17 de julho
de 1768.
As
últimas décadas do século XVIII constituem um período obscuro na história da
cidade de Cuité. O certo, é que o agrupamento humano que se formou em redor da
capela de Nossa Senhora das Mercês, somente após a criação da freguesia é que
adquiriu delineamento urbano. Cuité, que teve em Caetano Dantas seu fundador, à
semelhança de Piancó, derivou da “conjugação do elemento religioso,
representado pela edificação de uma capela, com o elemento econômico, apoiado
na criação de gado”, conforme nos informa o historiador José Octávio.
Em 12 de agosto de 1801, os moradores da Serra
do Cuité, reuniram-se na vila de Mamanguape, em casa do vigário João Feijó e na
presença do padre João Francisco Fernandes, assinaram um termo, no qual, se
obrigavam a sustentar seus párocos, tomando por base os princípios
estabelecidos na freguesia de Nossa Senhora Santana, sediada na Vila Nova do
Príncipe (atual município de Caicó, no Rio Grande do Norte), da qual seria
desvinculada a nova sede paroquial. Dom Joaquim de Azevedo Coutinho, bispo de
Olinda, Pernambuco, a quem era subordina a Paraíba e o Rio Grande do Norte,
designaram o padre João Feijó de Brito Tavares, ‘visitador geral dos sertões
baixos do Norte’, para instalar a nova freguesia. Tal instalação ocorreu no dia
25 de agosto de 1801, oportunidade em que tomou posse o padre Manoel Fernandes
Pimenta como primeiro cura e vigário da Serra do Cuité.
Segundo Irineu Pinto, o governo da Paraíba, em
1829, levou à presença do Imperador, “a duvida em que estão os moradores da
freguesia do Cuité, na jurisdição a que devem pertencer, pois que ali não foi
eleito o Juiz de Paz por não saberem onde devem votar se na Vila do Príncipe no
Rio Grande do Norte ou em Areia, onde desejam ficar, por ser mais perto e mais
cômodo”. O Decreto Regencial, de 25 de outubro de 1831, fixou os limites da
Vila Nova do Príncipe (Caicó), na Província do Rio Grande do Norte, ficando
assim, toda a ribeira do Seridó pertencente àquela freguesia, com exclusão,
porém, de toda a Freguesia dos Patos e parte da do Cuité, que sempre pertenceu
à Província da Paraíba. A partir de então, a povoação do Cuité passou a ser
reconhecida como um termo da Comarca de Areia, que abrangia também Campina
Grande, São João do Cariri e Bananeiras.
Ainda em 1852, o naturalista francês Luís
Jacques Brunet, visitou a povoação do Cuité. Juntamente com o relatório
encaminhado ao governo provincial, Brunet enviou também alguns espécimes da
fauna da região, as quais, posteriormente, foram enviadas ao Instituto de
Botânica do Rio de Janeiro, onde foram estudadas e classificadas.
Pela Lei Provincial n° 04, de 27 de maio de
1854, a povoação da Serra do Cuité foi elevada à categoria de vila, com a
denominação de ‘Vila do Cuité’. Era então Presidente da Província, o senhor
João Capistrano Bandeira de Melo. Em 25 de junho de 1872, pela Lei n° 480, foi
criada a Comarca de Borborema com sede na Vila do Cuité, sendo seu primeiro
juiz de direito, o Dr. Alfredo da Gama Montezuma. Suspensa pela primeira vez em
1881, a referida unidade judiciária foi restaurada em 13 de dezembro de 1882,
com a nomeação do Dr. Ivo Magno Borges da Fonseca, que se instalou em Cuité, a
05 de janeiro de 1883.
No governo do vice-presidente Dr. Manoel Dantas
Correia de Góes (descendente direto de um irmão do coronel Caetano Dantas
Correia), o Dr. Ivo Borges levou ao conhecimento dos poderes públicos as
dificuldades em que viviam os habitantes da Vila do Cuité durante a seca de
1888-1889. Em socorro ao povo cuiteense, foram enviados cem sacos de farinha e
seis contos de réis, os quais, “foram distribuídos e aplicados em obras de
caráter publico no Município”. Com a remoção do Dr. Ivo Borges da Fonseca para
a Comarca do Conde, em agosto de 1891, a Comarca de Cuité foi novamente
suspensa. E sua segunda restauração ocorreu em 14 de maio de 1900, pela Lei n°
149. Na época, foram nomeados os Drs. Antônio Simeão dos Santos Leal, como juiz
de direito, e, Salustino Elvídio Carneiro da Cunha, para juiz municipal.
Por razões políticas, a Comarca de
Cuité foi transferida em 29 de outubro de 1904 para Picuí, dando-se sua instalação
em 24 de novembro do mesmo ano. Na questão, figurou como pivô o deputado
Graciliano Fontino Lordão, que pretendia “contentar as aspirações dos seus
amigos que em parte residiam em Picuí”. Em 1911, com a nova divisão
administrativa do Brasil, Cuité passou a ser subordinada a Picuí, que ganhou
foro de município. Esta condição durou até 18 de dezembro de 1936, quando o
governador Argemiro de Figueiredo sancionou a lei Estadual n° 99, restaurando o
referido município com o nome de ‘Serra do Cuité’.
A emancipação política de Cuité foi sendo fruto
de um movimento popular, onde se destacaram Jeremias Venâncio dos Santos, João
Venâncio da Fonseca, João Teodósio da Silva, Basílio Fonseca, Padre Luiz
Santiago, Rivaldo Silvério da Fonseca, Benedito Venâncio, Jovino Pereira e
Pedro Viana da Costa, que seria o primeiro prefeito constitucional do novo
município, oficialmente instalado no dia 25 de janeiro de 1937. No ano
seguinte, por força do Decreto Lei Estadual n° 1.164, o referido município teve
seu nome simplificado para CUITÉ, sendo constituído por dois distritos: o da
sede e o de Santa Rosa.
Fonte: site da Câmara Municipal de Cuité
MARQUES. Crisólito da Silva, Professor MS. Historiador.
CUITÉ, SUAS ORIGENS.
SANTOS. José Ozildo dos, Professor e Historiador. CUITÉ
PARAÍBA: A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE UMA CIDADE.
Boa tarde, existe algum livro que aborde como inciou-se a povoação dos distritos ao redor da serrra, como Quandú, Cuiuiu, Jacú a quais famílias pertenciam?
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