segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Um lugar mais que especial; por Flauberto Fonseca




Em muitas das minhas andanças mundo afora vez por outra me deparo com bibliotecas públicas e por ser um sujeito curioso uso do meu atrevimento e entro para conhecer e até tentar entender a sua funcionalidade, e se possível, da dar uma espiadela no seu acervo disponível.

Algumas me remetem a um tempo remoto e até expressam certas semelhanças com a nossa antiga Biblioteca Municipal João da Mata.

Ela não era a nossa única biblioteca, pois existia uma pequena no Grupo Escolar Vidal de Negreiros e depois com criação do Colégio Estadual de Cuité surgiu outra com um acervo que foi se formando no decorrer do tempo de sua criação.

Como meio de capitular o que tenho de memória daquele ambiente que sempre foi ali na Praça Barão do Rio Branco (atual Pref. Claudio Gervásio Furtado), em um prédio com em estilo “Art Déco” e com um jardim lateral e porta acesso ao seu interior, cuja decoração era composta de uma mesa central com várias cadeiras, uma escrivaninha com cadeira e três armários para guarda e organização dos livros com portas corrediças com vidros, entre outras peças que faziam parte do seu mobiliário.

Sendo importante ressaltar que o seu acervo não passava de algo entorno de quatrocentos exemplares entre didáticos, paradidáticos e literaturas de vários autores nacionais e quase nada em outras línguas, no entanto, muitos dos quais na época já apresentavam um acentuado estado de desgaste pelo voraz consumo das traças, em razão do tempo e o seu manuseio, mas tenha muita serventia para o público estudar, ler, e consultar obras como meio de realizar um trabalho escolar que fosse em grupo ou individual.

Vez por outra alguém fazia doações de revistas usadas como: Cruzeiro, Manchete, Seleções, Fatos e Fotos, e dos jornais O Norte e Diário da Borborema, os quais ficavam à disposição dos visitantes sobre a mesa, e quando alguém queria levar um livro pra casa havia um caderno de anotações para esse fim, um sistema muito rudimentar, mas o princípio da confiança imperava como meio.

Tenho lembrança de que Torquata Tecla da Fonseca e Giselda Farias eram a suas tutoras e a guardiãs de suas chaves e sentado em sua tradicional cadeira em sua frente sob a vigilância e de olhos bem abertos nos transeuntes havia a presença marcante de Cabo Severino, paramentado com seu capote e ouvidos bem atentos nas notícias do mundo que emanavam do seu radio portátil, mas sem em tempo nenhum descuidar da guarda da praça que também era o seu oficio.

Além ser uma biblioteca, também foi usado por muito tempo de forma temporal como um importante ponto de apoio e de logística nas festas da Padroeira Nossa Senhora das Mercês (setembro) e na do Hospital Municipal (dezembro) quando eram realizadas na praça.

No atual momento encontra-se sob nova nomenclatura de Biblioteca Municipal Prof. José Rodrigues de Oliveira (Prof. Zezinho), que era brejeiro de origem e cuiteense por adoção e servidor púbico municipal, e que faz uma justa homenagem aquele que um dia nossa trajetória de estudante a ele era recorrente a nossa busca por aulas de reforços tudo em função de seu vasto conhecimento e de seu infindável domínio da didática.

Hoje, apesar de todas as ferramentas tecnológicas voltadas para a educação, a biblioteca continua a exercer o seu importante papel entre aqueles que vão ao seu encontro com a certeza que nada substitui um bom livro impresso. 


Flauberto Fonseca

 

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