Em muitas das minhas andanças mundo afora vez por outra me deparo com bibliotecas públicas e por ser um sujeito curioso uso do meu atrevimento e entro para conhecer e até tentar entender a sua funcionalidade, e se possível, da dar uma espiadela no seu acervo disponível.
Algumas me remetem a um tempo remoto e até expressam certas
semelhanças com a nossa antiga Biblioteca Municipal João da Mata.
Ela não era a nossa única biblioteca, pois existia uma
pequena no Grupo Escolar Vidal de Negreiros e depois com criação do Colégio
Estadual de Cuité surgiu outra com um acervo que foi se formando no decorrer do
tempo de sua criação.
Como meio de capitular o que tenho de memória daquele
ambiente que sempre foi ali na Praça Barão do Rio Branco (atual Pref. Claudio
Gervásio Furtado), em um prédio com em estilo “Art Déco” e com um jardim
lateral e porta acesso ao seu interior, cuja decoração era composta de uma mesa
central com várias cadeiras, uma escrivaninha com cadeira e três armários para
guarda e organização dos livros com portas corrediças com vidros, entre outras
peças que faziam parte do seu mobiliário.
Sendo importante ressaltar que o seu acervo não passava de
algo entorno de quatrocentos exemplares entre didáticos, paradidáticos e
literaturas de vários autores nacionais e quase nada em outras línguas, no
entanto, muitos dos quais na época já apresentavam um acentuado estado de
desgaste pelo voraz consumo das traças, em razão do tempo e o seu manuseio, mas
tenha muita serventia para o público estudar, ler, e consultar obras como meio
de realizar um trabalho escolar que fosse em grupo ou individual.
Vez por outra alguém fazia doações de revistas usadas como: Cruzeiro,
Manchete, Seleções, Fatos e Fotos, e dos jornais O Norte e Diário da Borborema,
os quais ficavam à disposição dos visitantes sobre a mesa, e quando alguém
queria levar um livro pra casa havia um caderno de anotações para esse fim, um
sistema muito rudimentar, mas o princípio da confiança imperava como meio.
Tenho lembrança de que Torquata Tecla da Fonseca e Giselda
Farias eram a suas tutoras e a guardiãs de suas chaves e sentado em sua
tradicional cadeira em sua frente sob a vigilância e de olhos bem abertos nos transeuntes
havia a presença marcante de Cabo Severino, paramentado com seu capote e
ouvidos bem atentos nas notícias do mundo que emanavam do seu radio portátil,
mas sem em tempo nenhum descuidar da guarda da praça que também era o seu
oficio.
Além ser uma biblioteca, também foi usado por muito tempo de
forma temporal como um importante ponto de apoio e de logística nas festas da
Padroeira Nossa Senhora das Mercês (setembro) e na do Hospital Municipal (dezembro)
quando eram realizadas na praça.
No atual momento encontra-se sob nova nomenclatura de Biblioteca
Municipal Prof. José Rodrigues de Oliveira (Prof. Zezinho), que era brejeiro de
origem e cuiteense por adoção e servidor púbico municipal, e que faz uma justa
homenagem aquele que um dia nossa trajetória de estudante a ele era recorrente
a nossa busca por aulas de reforços tudo em função de seu vasto conhecimento e de
seu infindável domínio da didática.
Hoje, apesar de todas as ferramentas tecnológicas voltadas para a educação, a biblioteca continua a exercer o seu importante papel entre aqueles que vão ao seu encontro com a certeza que nada substitui um bom livro impresso.
Flauberto Fonseca
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