Iniciamos um novo ano civil celebrando a Solenidade de Maria, Mãe de Deus e nossa. A Liturgia da Palavra ainda nos leva a contemplar o presépio (lugar de muita simplicidade, contemplação, adoração, sonhos, esperanças e desejos).
De um lado está uma mãe e um pai que contempla o Filho e guarda no coração tudo o que está sendo dito em relação a ele (cf. Lc 2,19). Do outro lado, aqueles pobres pastores que foram ver aquele menino tão especial que nascia com a marca de príncipe da paz e esperança dos humildes (v. 16). Do lado de cá, estamos todos nós que também nos encantamos com este menino, também O adoramos, nos comprometemos com Ele e revelamos os desejos de nosso coração: “que Deus nos dê” (Salmo 66(67)).
O nascimento de Jesus é uma Boa Noticia que traz muita alegria e esperança ao povo que aguarda a realização das profecias (cf. Is 9, 2. Mt 4, 16). No canto da Proclamação do Natal, dizemos: “Ó noite silenciosa! o desejado chegou!”. O Senhor cumpriu a sua promessa. Ele nos ama tanto “que nos enviou o Seu Filho para dar-nos Vida Eterna” (Jo 3, 16).
Do coração de Maria (Mãe de Deus) aprendemos a observar e a meditar sobre os fatos da vida e as noticias que nos chegam diariamente, para descobrirmos os desígnios de Deus, que se revela em nossos caminhos “diferentes” e “diversos”.
Os pastores saem ao encontro de Jesus e nos ensinam que devemos abrir aos outros este caminho de esperança e otimismo (cf. Lc 2, 17). Quantas pessoas, também hoje, estão necessitadas de uma esperança que os mova e de um otimismo sóbrio e concreto que os ajudem a fazer a vida valer a pena. Os pastores que eram os excluídos daquele tempo são representatividades dos que em todos os tempos e lugares estão desejosos de um mundo mais justo e fraterno.
Cá estamos nós contemplando esta cena tão cheia de luz e de uma esperança viva. No final de um ano (2022) abrimos o coração para agradecer até mesmo as situações mais amargas que nos exigiram paciência, uma nova síntese de nossa historia e um reposicionar nossa vida em novos caminhos, mas também para lembrar que somos morada de desejos. Pulsões inquietantes de sonhos. E que cada um deles tem o nosso tamanho.
Temos sonhos de vida plena que nos envolvem completamente (pessoais e sociais) e que enfrentam as trevas de um mundo injusto, cheio de exclusões, competitividades e intolerância. Se podemos assim dizer: são os Herodes, os dragões e os demônios que tentam anular a vida que pulsa dentro de nós e na vida do povo. Frente à dureza da sobrevivência é preciso muita resiliência para enfrentar os sinais de morte que nos rodeiam.
A palavra de Deus comunicada a Moisés (Nm 6, 22-27) expressa o sonho de Deus: “Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei”. Bênção! É o nome de Deus. Salvação: É o nome de Jesus.
A bênção é o próprio Deus que vem até nós, em Pessoa. É o próprio Cristo que por onde passa espalha o bem (cf. Atos 10, 38). A bênção se expressa em palavras e as obras de Cristo em favor da libertação, vida plena e salvação.
No inicio de um novo ano dizemos: “Que Deus nos dê…” (Salmo 66 (67)) a graça de ver esperança de vida plena ser realizada (para nós e nosso povo). Que Deus nos dê a graça do fim das guerras que tem se intensificado neste mundo. Que o Senhor nos dê a graça de uma Igreja mais humana e mais misericordiosa, como Ele é misericordioso (cf. Lc 6, 36). Que haja desejo de vida plena (trabalho) aos nossos jovens e a superação dos vícios. Que Deus nos dê a graça de que em nossos lares haja mais respeito e compreensão. Que nossas crianças sejam acolhidas e amadas com aquele devido cuidado que o próprio Cristo encontrou dentro de seu lar.
“Que Deus nos dê…” uma vida marcada por sonhos e desejos pulsantes e não uma vida estagnada no medo e na mesmice. Que tenhamos muitas razões para se viver. Que nossos sonhos transcendam dos meros desejos econômicos aos desejos de tudo o que envolve a dignidade humana (ser).
“Que Deus nos dê” a graça de dias tão melhores que os pobres possam viver num país onde tenha os investimentos necessários para que cada um tenha onde morar, trabalho, sustendo e vida digna para todos. Sem justiça social não há um país em ordem de progresso.
“Que Deus nos dê…” a graça de “sermos” e “termos” bons amigos. De termos pessoas ao nosso lado que nos ajudem a perceber a luz de Deus que há em nós e em cada pessoa, mas não o contrário. Pessoas que como diz a canção: “quero partilhar a vida boa com você!” (Anavitoria e Rubel).
Por fim, convém dizer, não estacione a sua vida, ou não se demore muito, em lugares que apagam teus sonhos e pisoteiam aquilo que você construiu com tanto esforço. Há pessoas e lugares que nunca reconhecerão… Nunca… aquilo que de bom há dentro de você. Elas estão tão empenhadas em si mesmas, nas trevas de seu narcisismo, que fora delas não existe mais ninguém. Lembre-se que o Evangelho é mansidão e leveza (cf. Mt 11, 29), mas também libertação (cf. Lc 4, 18).
No horizonte deste novo ano, Nossa Senhora interceda por nós.
Um bom ano a todos na graça de Deus. Paz e bem!
Fonte: Paraibaonline
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