segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Padre Edjamir Sousa Silva: brilhará tua luz como a aurora

 



A Liturgia da Palavra deste Quinto Domingo do Tempo Comum nos mostra a autêntica consciência cristã e a missão do discipulado de Cristo: encarnar o próprio Jesus e agir como ele. Dar testemunho – numa vida concreta de amor misericordioso e serviço – é ser sabor ao mundo e iluminá-lo.

O profeta Isaías parece já nos preparar para o Tempo Quaresmal, mas principalmente para melhorarmos a compreensão da vida cristã e o nosso testemunho. Escutemos os imperativos de sua mensagem: “Reparte o pão com o faminto, acolhe os pobres e peregrinos (…) cobre o nu, não desprezes. Deixa de tua mania de querer manipular e de oprimir, deixa de ser autoritário e língua maldosa (…). Acolhe aqueles que não têm condições de suprir as suas próprias necessidades (indigente) e presta socorro aos necessitados” (Isaias 58, 7-10). E o profeta complementa: “brilhará tua luz como a aurora (…) e a glória do Senhor te seguirá” (v. 8).

Isaías apresenta-nos aquilo que, de fato, agrada a Deus: os atos de misericórdia voltados para o irmão! E aquela recompensa tão própria das bem-aventuranças.

Observem que o profeta repugna atos de piedade intimista, de um coração carregado de interesses próprios: deixo de comer, faço regime, longas orações a Deus, mas nego o direito de viver dignamente aos meus semelhantes. O ouvido de Deus volta-se para aqueles que se voltam para os pobres: “foi a mim que fizestes” (Mt 25, 35-40).

Em sua primeira carta aos cristãos de Corinto, com sua teologia da cruz, Paulo sustenta que a salvação provém da gratuidade. Diante da cruz de Cristo, toda pretensão humana de viver feliz no seu egoísmo encontra-se destruída. A salvação é relacional.

No Evangelho, Jesus, à luz do que disse o profeta Isaias, nos compara ao sal e à luz. Os cristãos (discípulos) são “sal da terra” e “luz do mundo” se encarnam Cristo no seu dia-a-dia. Isso implica dar continuidade às obras de Jesus! Nossas ações devem expressar as dele! Há muita gente preocupada na volta de Jesus, mas não prepara a sua chegada.

Quando nossas obras bendizem a Deus, estamos sendo luz para o mundo. Quando, em vez de exigirmos dos outros boas atitudes, passamos a agir bem, estamos afugentando não só as trevas da sociedade, mas também aquelas que persistem em habitar nosso interior. Quando Cristo habitar em cada cristão, iluminaremos o mundo! Quando o povo de Deus (Igreja) encarnar Jesus Cristo, o mal do mundo será tirado e o Reinado de Deus estará no meio de nós!

Como cristãos, encarnamos o projeto de Jesus Cristo ou o mundo é carne de nossa carne? E quanto à Igreja: tempera a vida das pessoas ou tornou-se insossa e, portanto, incapaz de dar sabor à vida de alguém?

Ser “sal da terra” e “luz do mundo” consiste em agir com compaixão. Quem age com o coração compassivo introduz compaixão na sociedade. Quem tem um coração bom traz bondade para a sociedade. Quem é da paz traz paz ao seu povo. Quem tem fome e sede de justiça é capaz de transformar o mundo ao seu redor….Somente agindo assim, poderemos experimentar uma cultura do coração.

Boa semana para todos!

 

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