domingo, 20 de agosto de 2023

Padre Edjamir Sousa Silva: Maria, um sinal de fé para a Igreja

 



A solenidade da Assunção de Maria é uma das mais antigas festas marianas celebradas tanto no Oriente como no Ocidente. É a catolicidade que celebra o que Deus fez naquela que era toda cheia da Graça (cf. Lc 1, 28).

Em 1950, depois de um longo processo de discernimento no Espirito, o papa Pio XII proclamou solenemente (“com” e “para” toda a Igreja) a verdade de fé que Maria, a Mãe do Senhor e nosso Deus, foi elevada à glória celeste.

Essa verdade de fé não é uma “coisa” criação pela igreja, mas uma realidade que tem seu fundamento na Ressurreição de Jesus Cristo, como nos diz as Escrituras (1Cor 15, 20-27a). A Vida de Maria é uma vida em Cristo.

Segundo o apóstolo Paulo o sinal da vitória definitiva de Cristo que é a ressurreição (a vitória sobre a morte) se realizará também na nossa vida: “Em primeiro lugar, Cristo, como primícias;
depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda” (v. 23b). Assim se cumpre o que prometeu o Senhor: “na casa de meu Pai há muitas moradas (…) devo ir preparar um lugar para vós, voltarei e vos levareis, para que onde eu estiver, também vós estejais” (Jo 14, 1-3)

Desde as primeiras comunidades cristãs a igreja sempre entendeu que, pelos merecimentos de Cristo, Maria já estava associada a Jesus nessa vitória definitiva; nela, a humanidade redimida reconhece sua meta (v. 21). Na gênese do cristianismo já se refletia o papel de Maria na história da salvação. Nas palavras de Isabel, sua parenta, Maria é um sinal de fé para toda a Igreja (Lc 1, 39-56).

A partir da Sagrada Escritura a teologia católica sempre alimentou a esperança, a certeza de fé e de amor que Nossa Senhora estaria com Seu Filho no Céu, por desejo dele: “Pai, aqueles que me deste, quero que estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória” (Jo 17, 24).

Nós católicos ao falarmos de Jesus nos lembramos de Maria; e ao falar de Maria, as comunidades descrevem-na como modelo da Igreja, mas tudo converge para Jesus.

Nas leituras propostas para esta liturgia, Maria (imagem da Igreja peregrina) é apresentada como alguém que luta contra as força do mal, enquanto gera o Messias ao mundo. Ela é modelo de firmeza para as comunidades perseguidas por causa do Reino de Deus (cf. João 11,19a; 12,1.3-6a.10ab).

A Mãe do Senhor é apresentada como modelo de dedicação, de escuta fiel (Shemá), de fé, de esperança e de caridade. Nela todos os fiéis vislumbram sua vocação e seu destino: participar da bem-aventurança eterna na plenitude dos tempos.

O Evangelho de Lucas 1, 39-56 apresenta a figura de Maria como aquela que todo o discípulo tem Jesus tem nela um modela a se inspirar. No sim de Maria, sua disponibilidade toda ao projeto de Deus; na sua simplicidade e pobreza, a total confiança em Deus (v.v. 46-47) que Se encanta com os pequenos (v.v. 51-55).

A glorificação de Maria no céu é o ponto alto de sua caminhada de fé, em Cristo, de sua entrega total e incondicional a Deus e a seu projeto salvífico. Nela é coroada a fé e a disponibilidade de quem se torna servo da justiça e da bondade divina, sendo impotente aos olhos do mundo, mas grande na obra que Deus realiza.

A teologia católica, a partir do viés Bíblico, acredita que o desejo de Jesus sobre Maria é mesmo sobre nós. Quando dizemos: “Creio na ressurreição e na vida eterna”, tudo isso está contido em nossa maneira de crer e de viver.

Nós fazemos parte das gerações que proclamam Maria como bem-aventurada, fazemos isso com muita satisfação e confiança, pois pelos méritos de Cristo e seu sim a Deus ela: “foi elevada de corpo e alma à gloria celeste” (Lumem Gentium, 59).

A fé em Jesus nos permite crer, que nossa vida não terminará numa sepultura, mas no encontro com o Senhor da Vida e da Esperança. O dogma da Assunção proclama o destino sobrenatural e a dignidade de cada pessoa humana: instrumento de santidade e participação na glória.

Rezemos para que nossas comunidades ao fazer um elogio à fé de Maria imitem suas virtudes. Acreditemos que Maria vive em Cristo, na Sua glória e que intercede por nós. Deixemo-nos encantar e cantar as maravilhas do Reino de Deus, como fez a Mãe do Salvador: “O poderoso fez grandes coisas” (cf. Lc 1, 49)

Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!

Boa semana!

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