A aposta é uma atividade muito conhecida e relevante no Brasil, não há como negar. Faz parte do mundo do entretenimento, assim como os filmes, as séries, os livros e as novelas. Mas apostar significa apostar em alguma coisa, podendo ser desde um desafio ou um amigo, um atleta ou uma equipe, até mesmo, simplesmente, a sorte.
O Brasil nunca viveu um momento tão intenso nas apostas, especialmente com as casas de apostas esportivas. E apesar da capacidade de divertir de uma forma harmônica alguns usuários e até trazer um certo tipo de retorno financeiro, aqueles que entram de cabeça nas apostas e criam uma compulsão podem encarar de frente dificuldades que esconderam por muito tempo.
Esse impulsionamento abriu ainda mais espaço para algo que, por muitos momentos, estava escondido, ganhando mais espaço com a internet. A bola da vez é o jogo “Fortune Tiger”, apelidado carinhosamente de “Jogo do Tigrinho”. Nada mais é do que um caça-níquel virtual, onde os usuários tem chances muito maiores de perder do que de enriquecer.
Por mais que pareça pouco atrativo escrito desta forma, ainda se trata de um jogo, com a capacidade de entreter e gerar boas sensações no usuário. Se ele ganhar de alguma forma, é melhor ainda, pois o mecanismo do cérebro é tentar mais e mais. A partir desse cenário, o vício é implantado e fomentado, deixando pessoas dependentes e, também, pobres.
A psicóloga Roberta Motta relatou ao Portal MaisPB que o vício pode ser considerado um distúrbio psiquiátrico. E, como é o caso do “Tigrinho”, a internet pode fomentar essa obsessão através de um público diferente, mais jovem, que ainda depende de pais e outros familiares. E os sinais de dependência podem ser mais nítidos do que se imagina.
“O diálogo é muito importante entre os pais, e entender o que está por trás disso. Por que esse jovem está ali buscando cada vez mais esses jogos? Muitas vezes esse jovem está mais isolado, sente uma solidão, uma carência e quando está ali nesses jogos, cada vez mais vai se sentindo prazer. Isso acaba sendo viciante”, disse a doutora.
Para Roberta, o jogador cai numa ilusão: “o tempo todo ganha e perde, mas ele vai ficando cada vez mais viciado nisso. E acaba se envolvendo, começa a esconder da família que está investindo o dinheiro, começa as mentiras, a deixar a vida social de lado, perdendo compromissos, perdendo provas”, disse
O conto do dinheiro fácil
Apesar da expansão dos jogos de azar ter alcançado os jovens brasileiros, muitos desses jovens são adultos e possuem renda fixa mensal, que na maioria das vezes está muito abaixo de seus desejos. Uma suposta solução é apelar para “o jogo que faz meu amigo tirar muito dinheiro”, como as apostas em eventos esportivos e outros jogos de azar.
Para a psicóloga, a relação dessa necessidade de conquistar o dinheiro, de acumular e usufruir está diretamente ligado às redes sociais. Na sua visão, a representação de uma vida fácil, sem esforços e de aparências resulta em ações exatamente iguais, em uma outra ilusão.
“Ali não mostra uma realidade, na verdade. Essas pessoas estão buscando ganhar dinheiro, uma riqueza fácil. Vão ali e estão apostando cada vez mais. Existe muita mentira, muita enrolação. No ditado popular, ‘muita enganação por trás disso'”, disse a doutora, fazendo referência também aos casos da empresa Braiscompany.
O perigo das redes sociais
Neste último domingo (3), o programa “Fantástico”, da TV Globo, revelou o caso que ocorreu no Paraná, de influenciadores digitais que divulgavam lucros através do Tigrinho. As pessoas acreditavam na divulgação e depositavam sem dinheiro na plataforma, que, sempre, terá uma vantagem muito maior de sair com o dinheiro.
O mesmo vale para esquemas pirâmides, que também reforçam possibilidades de ter certa porcentagem de enriquecimento ao mês. Inclusive, estes casos ganharam mais holofotes na CPI das Pirâmides Financeiras, onde empresas fraudulentas utilizaram imagens de influenciadores e outros famosos através das redes sociais.
Leonardo Abrantes – MaisPB
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