domingo, 7 de janeiro de 2024

Padre Edjamir Sousa Silva: Adorar a Deus e recuperar o caminho da vida

 



PALAVRA DO SENHOR - Adorar a Deus e recuperar o caminho da vida


Na solenidade da Epifania do Senhor, somos chamados a contemplar Jesus como “o Senhor” que vem nos salvar.

Os Magos partiram em busca do Rei que havia nascido. São a imagem dos povos que caminham em busca de Deus, dos estrangeiros que agora são conduzidos ao monte do Senhor (cf. Is 56,6-7), dos que estão longe e que agora podem ouvir o anúncio da salvação (cf. Is 56,6-7. Is 33.13), pois ninguém está fora desta Boa Nova. Os que estão perdidos, desorientados, ouvem o chamado de uma voz amiga. Porque agora, na carne do Menino de Belém, a glória do Senhor foi revelada a todos os homens (cf. Is 40,5) e “todo homem verá a salvação de Deus” (Lc 3,6).

Na homilia da Solenidade da Epifania do Senhor, neste ano, nos ensinou o papa Francisco: “Os Magos têm os olhos apontados para o céu, mas os pés andam na terra e os corações prostrados em adoração”. Que bela dinâmica para nossa vida humana-cristã.

A Adoração dos Magos não foi uma perda de tempo, mas um dar sentido ao tempo, reencontrar a rota da vida no caminho do amor e da simplicidade. O encontro e a adoração ao Menino de Belém envolve os Magos nos sonhos de Deus, abre possibilidades de novos discernimentos à uma caminho de vida.

Sair do caminho de Herodes, assim como foi para o Povo do Antigo Testamento (com o Faraó, Nabucodonosor...), é, para o Povo da Nova Aliança, fugir da idolatria dos sanguinários, de um horizonte de vida inclinado à adoração do poder, da ganância e do prestigio dos palácios. Como disse o papa Francisco: “Adorar nos faz recuperar o sentido da vida”.

O Menino de Belém (adorado) é reconhecido em Sua realeza, passível de adoração, não pelo esplendor, pelo medo que Sua autoridade impõe, mas pela Sua inocência, pela luz, pela fragilidade de uma criança que se deixa encontrar por sinais de tanta humanidade.  

“Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adora-Lo”. (Mt 2, 1). Essa também é a nossa pergunta? Onde Ele está? Se estão a procura, significa que estão num caminho. A luz brilha no caminho de quem busca a Deus. A luz brilha levando-os por uma estrada, apontando um caminho, um novo jeito de compreender a Deus e a vida.

As luzes da cidade, as confusões da vida, estagnar-se nas redes sociais (sem se dar ao autentico caminho da vida) podem distrair-nos do essencial; outras vozes, outras luzes, podem fazer-nos perder o fio à meada.

A Luz de Deus continua a brilhar para que ninguém se perca. E quando e onde não pensávamos, é quando e onde encontramos Deus, naquele lugar pobre, naquela linda criança, vestida de luz e de amor, sem adornos... As portas daquele lugar não têm ferrolhos, janelas  não se encontram muros ou adereços que façam desviar os olhos. Ali está o essencial: Maria, José e o Menino.

Encontramos Jesus.  O encontro com Jesus altera os seus e os nossos esquemas, despoja-nos das nossas certezas. A vida pode alterar-se. Podemos seguir outro caminho, mas continuaremos sendo guiados pela Luz de Deus que nos dará a graça de reencontrá-Lo por toda parte (cf. Sl 138(139)), no céu, na terra e nas pessoas.

O desejo de encontrar Deus faz-nos levantar o olhar, o coração e a vida. Faz-nos descobrir que há mais mundo e mais vida para além de nós, da nossa maneira de sempre fazer o mesmo caminho (por que sempre foi assim), de uma visão sempre tradicional e restrita da vida.

É Ano Novo. E começamos a trilhar este caminho com o convite de levantar o olhar para o horizonte, para o Céu, para Deus, donde nos virá a luz. Se olharmos apenas para baixo, para os pés, para o nosso bolso, para o nosso umbigo, para nossos cargos eclesiais ou franjas litúrgicas acabaremos por tropeçar e de nos perdermos dos outros que seguem conosco.

Os magos deram as suas riquezas. A nossa riqueza é a nossa vida, a nossa fragilidade, nossos talentos, nossas virtudes, a nossa pobreza e o nosso pecado. À Jesus, entreguemos aquilo que temos de melhor: o nosso coração e a nossa vida por inteiro.

Se há lugares que nos tiram a vida, a liberdade, o respeito, a dignidade, a possibilidade de crescimento (e a de nosso povo) não volte ao mesmo lugar. É importante deixar-se guiar por aquela luz verdadeira que sempre faz resignificar o caminho. E nunca esquecer que o caminho – que é Jesus – é o caminho da Vida.

No final de nossa pregação, gostaria de, por um instante, imaginar com todos vocês que os Magos entraram no lugar onde o Menino Jesus estava, ofertaram o melhor de si (Adoração). Mas...imaginemos um instante. Quem sabe se eles também não pegaram a criança no colo, brincaram um pouco, cantaram para Jesus as canções de sua cultura, passearam  com  Jesus, ajudaram os pais com algum serviço ou talvez até tenham compartilhado algo pra comer...quem sabe!?

Penso que a vida aconteceu assim, em torno de Jesus. Pois bem, poderíamos aproveitar estes dias de férias, nossos, das nossas crianças e a juventude e dar-lhes um bom tempo para abraça-los, brincar, contar historias, rir com elas, ouvir musicas, conversar e divertir com os familiares, amigos, vizinhos, idosos e pessoas distantes (dar maior atenção aos necessitados). Fazer o bom da vida acontecer.

Boa Semana! Bom Ano Novo! Bom Caminho!

 

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