segunda-feira, 13 de maio de 2024

Padre Edjamir Sousa Silva: A esperança que nasce do amor

 



A solenidade da Ascenção de Jesus aos céus recorda que o Jovem de Nazaré da Galileia, Morto e Ressuscitado, retorna ao Pai porque cumpriu sua missão terrena e, por isso, recebe do Pai a autoridade para nos enviar em missão e fazer no mundo Seus discípulos (cf Mt 28, 18).

No relato (At 1,1-11) ouvimos que as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos são: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas (...) até os confins da terra” (v. 8). A igreja, fortalecida pelo poder do Espírito Santo, se põe no caminho do testemunho de Jesus Cristo.

A construção do Reino não se encerra com a ressurreição de Jesus Cristo; precisa ser concretizada continuamente na história. A Igreja existe “para” e “na” missão de construir o Reino de Deus e faz isso dentro de um contexto amplo: “ide por todo mundo”, sempre guiada pela força do Espirito Santo. 

“Porque ficais aqui parados olhando para o céu?” (Atos 1, 11). Parece que existe uma tendência entre os discípulos de Jesus de enrijecer e estagnar a caminhada da vida eclesial. Um marasmo que tende a se justificar e ancorar erroneamente no culto e no louvor. Algumas vezes, Pedro (cf Mt 17, 4) e alguns da família de Jesus (cf. Mc 3, 31-35) tentaram interromper o caminho do Mestre, porém, o evangelho acontece no caminho e se alguém quer ouvir este evangelho siga Jesus pelo caminho que Ele fez. 

Nossa caminhada de fé deu-se inicio no dia em que passamos a seguir Jesus com o dom do batismo e a escuta da Palavra. É um caminho rumo ao Pai, pelo Filho, iluminados pelo Espirito Santo que nos impulsiona na esperança, pois é a esperança em si que nos move. 

Como se deu a vida cotidiana dos primeiros discípulos com o afastamento de Jesus? Como viveram na esperança? O cristianismo das primeiras comunidades deu a igreja (para todo tempo e lugar) e ao mundo um testemunho de esperança baseado no amor. Se é verdade que “quem ama conhece a Deus” (1Jo 4, 7) é essencial dizer que a fé e a esperança estão fundamentadas no Amor. Percebam que quando encontramos alguém fazendo o bem, nossa fé se refaz. 

O cristianismo das primeiras comunidades – na ausência do Senhor Ressuscitado – deu testemunho na partilha (cf. Ato 2, 37-47), na busca de uma espiritualidade que buscasse a unidade (cf. Atos 1, 14. 2, 42-47). Guiados pelo Espirito Santo procuravam fazer bons discernimentos para acolher e integrar na comunidade aqueles que o mundo excluía (cf. Atos 10, 34-44), superando quaisquer legalismos intransigentes (resquícios do farisaísmo). E não tinham medo de serem “acusados de induzir o povo a adorar a Deus de modo contrário à Lei” (cf. Atos 18, 13). 

As primeiras comunidades, mesmo constrangidas com tantas incompreensões, perseguições e acusações deixaram-se “mover contra toda esperança, esperando no Amor” (cf Rm 4, 18). O Ressuscitado se afasta um pouco, mas a comunidade cristã está convicta de que sua missão é colaborar para salvar o mundo do pecado da morte, do ódio, de um legalismo intransigente que não gera vida, mesmo que seja odiada (cf. Mt 10, 22), sem medo, pois “no amor não há temor” (cf 1Jo 4, 18). 

“Fazer discípulos meus” (Mt 28, 18) não é apenas arrebanhar multidões sem que a educação na fé, esperança e caridade deixe ser prioridade. A ninguém na igreja foi dado o poder de levar as pessoas para “si mesmas” (autoreferência), mas para Jesus Cristo. 

Como é edificante ver um país reunido para uma causa urgente e humanitária (a situação no Rio Grande do Sul). Como é esperançoso ouvir pessoas contrárias às guerras, ao ódio e a exclusão. Como é bonito quando os membros da igreja (jovens, crianças, casais, idosos...) não admitem qualquer pregação ou discurso que denigre a vida daqueles que o Senhor ama tanto. 

Nas parábolas do Reino Jesus dizia que há pessoas que “se aproveitam da ausência do Senhor para espancar as pessoas” (cf. Lc 12, 45). Esse não é o cristianismo autêntico. Ninguém deve seguir gente assim, pois estes roubam a esperança, a fé e a caridade. A Igreja deve ter consciência de que é a caridade que alimenta a fé e a esperança. 

Nesta semana a Diocese de Campina Grande celebra seus 75 anos de seu reconhecimento canônico (Diocese). Há uma vasta programação preparada com muito esforço e zelo. Rezamos para que sejam abundantes os frutos que o Reino de Deus nos pede. 

“Até aqui nos ajudou o Senhor” (1Sm 7, 12). Somos gratos a Deus por uma história bonita escrita com muitos testemunhos, na diversidade do Espirito.

Que o Espirito Santo continue a impulsionar a vida desta Igreja Particular em Campina Grande. Que a justiça, a equidade e a caridade, próprias da santidade e autenticidade do evangelho, sejam as marcas de uma comunidade eclesial que não busca triunfalismos, mas ama servir ao povo de Deus.    

Deus seja louvado pelo testemunho de fé de nosso povo nas muitas comunidades paroquiais de nossa diocese. Que as futuras gerações não tenham medo de se encantar com o evangelho do amor e servir a Jesus, trazendo novos ares pascais. 

Em espirito de gratidão, também elevamos a Deus uma prece por todas as mães para que tenham saúde, vida longa e dias plenos na graça de Deus, tendo a alegria de ver a família crescer.

Boa semana!


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