O evangelho para este XII Domingo do Tempo Comum é
o de Marcos 4, 35-41. Uma perícope que só pode ser compreendida na perspectiva
dos capítulos anteriores: Jesus entra na Sinagoga e cura um homem com a mão
atrofiada, confronta-se com as lideranças judaicas dos grupos dos fariseus,
saduceus e herodianos.
Nessa
ocasião, Jesus entra na casa de Pedro (Cafarnaum) onde cura a sua sogra, cura muitos
outros doentes e é confrontado pela sua família que achava que Jesus estava
fora de si.
Jesus é o Senhor das andanças. No texto de hoje o
ambiente é o mar. Ele está com seus discípulos dentro de um barco passando de
uma margem à outra. Os discípulos estão com medo por causa do vento forte que
sopra violentamente contra eles, mas Jesus dorme.
O texto fala de um movimento que implica uma questão
vital PASSAR DE UM LUGAR PARA OUTRO SEM MUITO MEDO DO QUE SE POSSA ENFRENTAR.
Ao contrário de Jonas, Jesus desperta para
enfrentar os perigos do mar. A Palavra de Jesus acalma não só os ventos, o mar,
mas também os discípulos.
“A outra margem” é caminho da Nova Aliança que
exige fé e ousadia: “quem crer, será salvo!” (cf. Mc 16,16).
A canção de Nelson Mota diz “Segura na mão de Deus,
não olhes para trás (...) e vai...”. A decisão de cruzar para o outro lado da
margem implica o enfrentamento de muitas tentativas de “tentaram-lhe afundar”.
É verdade que a travessia implica muitos medos e
até mesmo medos desconhecidos, pois não somos super-homens, temos que saber
reconhecer nossos limites; somos só sonhadores de um “novo céu e uma nova
terra” (cf. Ap 21, 21), algumas vezes acompanhados da irmã-solitude.
Você já teve de modificar rumos em sua vida? Teve
medo? É dentro desse ambiente de tanta fragilidade que o discípulo, com fé, cresce
espiritualmente e humanamente.
Desde muito cedo a vida é feita de travessias e
mudanças de margens: Bebê... Adolescência... Juventude... Adulta. Mudança de residência, mudança de profissão,
mudança de mentalidade, mudança de comportamentos, etc. Da injustiça para a
justiça, da servidão que oprime à liberdade, do vício à vida virtuosa, de uma
religião alienada para uma religião libertadora. É FUNDAMENTAL O CAMINHAR, A
PASSAGEM QUE CARACTERIZA A ESPIRITUALIDADE PASCAL.
O “caminhar com fé” nos lembra a canção: “Minha vida é andar por este país. (...). Chuva e sol, poeira e carvão, longe de casa sigo o roteiro, mais uma estação e a alegria no coração (...)”. (Luiz Gonzaga/ Herve Cordovil).
O segredo da passagem pelo “mar da vida” continua sendo levar Jesus no caminho.
Boa passagem aos que se arriscam em viver, em ousar atravessar, sem medo de se perder e se reencontrar, sem medo da incompreensão ou medo de deixar para traz muita coisa que um dia lhe foi significativo.
A prudência do evangelho ensina que se deve temer aqueles que lhe tiram a pulsão de vida que há dentro de você. De quem lhe impede de caminhar com liberdade. Tenha medo de que quem rouba seus sonhos e quer jogar sua existência numa vida sem vida.
CORAGEM! SEGUE EM FRENTE!
Boa semana!
Edjamir Silva Souza
Padre e Psicólogo
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