sábado, 21 de dezembro de 2024

Contos de Natal III – Um Nocaute no Papai Noel por Flauberto Fonseca



Flauberto Fonseca

Já estamos nas portas das festividades de final de ano, tendo o Natal como principal evento entre nós, pois é através dele que celebramos, em família, o aniversário do Salvador, um momento plural revestido de muita fé e conciliação cristã. E nada mais gratificante que o reavivamento de nossas memórias natalinas, pois são elas que nos concedem o prazer de lembrar dos entes queridos que já não estão entre nós fisicamente, mas espiritualmente sempre se farão presentes em um momento tão especial como é o Natal.

Nunca neguei a ninguém que tenho uma afeição diferenciada pela natividade, não só por representar a maior festa cristã do Ocidente, mas também por me mostrar que a renovação de minha fé advém do maior presente que a humanidade já recebeu, que foi a presença material e muitos exemplos que o Filho do Criador semeou entre nós.

Entre as muitas das minhas lembranças natalinas, uma em especial se faz necessária à sua difusão; não sei precisar o ano do ocorrido, porém é salutar dizer que o acontecido marcou por demais a minha relação com o Natal.

Minha mãe tinha por tradição começar logo nos primeiros dias de dezembro a organizar os enfeites de Natal e, fazendo uso de sua vasta criatividade, ornamentava o ambiente doméstico, utilizando um garrancho de planta que ela pintava em cor prateada para montar nossa árvore de Natal com algodão para caracterizar a neve caída sobre os galhos; os enfeites, bolas, biscuits e estrela-guia eram verdadeiras relíquias, tudo em razão do tempo que faziam parte de nosso círculo natalino, e já eram produtos orientais, tal qual os de hoje.

Havia uma faixa em papel cartolina com a peculiar frase "Feliz Natal" exposta na entrada de nossa casa. A grande estrela que marcava com muita representatividade a data era um bonito Papai Noel de papelão em tamanho natural, estrategicamente montado na entrada da sala de visita, como se fosse um cartão de boas-vindas; apenas um pequeno detalhe: quem dava sustentação ao mesmo era um suporte de apoio fixado em suas costas.

E foi naquele infausto ano que ocorreu uma hilariante situação: minha mãe, juntamente com minhas irmãs, havia montado a árvore de Natal e toda a ornamentação da casa, porém só se esqueceram de um pequeno detalhe – a posição e local em que o Papai Noel foi exposto era passivo de um possível incidente.

A proximidade do "bom velhinho" com a porta de entrada da casa, que era antiga e tradicional de duas partes, e, quando a parte de cima era aberta, sempre trazia uma corrente de ar; ao abrir a parte de baixo, o vento aumentava a entrada no ambiente, pois foi em razão da tal profusão dos ventos e de um raio de luz do poste da rua que adentrava ao ambiente quando se abria a porta e refletia na imagem.

Meu pai, que nem lembrava que já era tempo de Natal, se deparou com o sujeito de aparência robusta e com uma avantajada altura que se balançou em sua direção; ele, sem pestanejar, acertou de direita em sua cara um belo golpe de boxeador que não só levou-o a nocaute como deslocou sua face do pescoço, sem falar no corre-corre e no acendido de luzes dentro de casa para ver o que teria acontecido; quando todos se depararam com a situação, viram que tudo foi contornado e riram da situação.

Já na manhã seguinte, minha engenhosa mãe fez um bom e consistente grude e recompôs a silhueta do Noel, recolocando-o de volta no ambiente de Natal, só que em um lugar fora do alcance de futuras encrencas. Assim, se passou mais um Natal, e o bom velhinho ficou entre nós por muitos outros Natais sem qualquer tipo de incidente.

É época de esperança e recomeço em busca de tempos de paz!

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O conteúdo do comentário é de inteira responsabilidade do leitor.