Atravessando
as montanhas, para ir ao encontro
de Isabel, Maria se faz peregrina da profecia de Miquéias anunciando a
esperança a partir de uma periferia: “Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil
povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel” (v. 1).
O profeta
Miqueias (5, 1-4) não faz adivinhações, sua profecia suscita a esperança de que surgirá
um “salvador” que fosse um rei bom, que não oprimisse e nem se maltratasse o
povo. Entendemos que essa profecia se realizou em Maria, a partir de seu sim.
Foi com e é em Jesus que a esperança se cumpre: “apascentará com a força do
Senhor” (v.3).
A segunda
leitura de hoje (Hb 10,5-10) ouvimos uma expressão que nos conduz nestes dias
de Natal: “Eis
que venho” (v. 7). O Senhor Jesus veio, de fato, fazer a vontade do Pai, veio
cumprir as promessas. Na formação de um novo povo, não será fundamental as
ofertas e oferendas como culto a Deus, mas aquilo que se é. Na tessitura da
vida, em suas relações, com suas dores e angústias, com seus sonhos e
esperanças, com seus medos e cansaços, como Deus se colocou? E como nos
colocamos? A Boa Nova do Evangelho é esse convite a aprender em se colocar na
vida como sinal de “um amor que alimenta a esperança”.
O Evangelho de hoje (Lc 1, 39-45) nos fala de um caminho e uma visita. “Maria
dirigiu-se apressadamente pelas montanhas” (v. 39). O caminho não é tão linear
como se pensa. Maria, a Mãe do Verbo Encarnado, portadora da esperança, vai
apressadamente.
A existência é marcada por caminhos. Um cientista brasileiro (conhecido
como Serjão) estudioso na temática do universo, em um Podcast comentou recentemente
que o nosso sistema solar caminha no espaço, numa curvatura de 60º, numa
velocidade imensa, onde os planetas giram em torno de si, em torno do sol, num
caminho de extensão, num caos totalmente organizado como se tivéssemos
“dirigindo apressadamente” ao encontro de algo e buscando livrar-se dos buracos
negros. SUPER INTERESSANTE. Quem sabe não estamos indo ao encontro do Criador.
A Nova Aliança começa ensinando que a fé é um esforço a nos mover cheios
de esperança. As montanhas atravessam nosso caminho quase sempre nos impedindo
de encontros, convivências, ofuscando a verdade do outro. São Paulo diz que “Jesus
derrubou todo muro de separação” (Ef 2, 14).
A fé cristã também é um esforço bonito para tornar as montanhas menos
altas para todos e ajudar na travessia. O caminho que Jesus começou em Maria faz
a vida tornar possível para todos, diminuir as distâncias, colaborar para
tornar possível o que para a humanidade (e até religiosamente) pode ser
impossível.
Maria é a imagem de uma Igreja Viva que “Vai ao encontro do outro”, está
em saída, cruza montanhas, pois o desejo latente da fraternidade é o espirito
da Boa Nova que a conduz.
Maria é a Arca da Aliança que não está presa nos templos, por trás de
cortinas de cetim, nem de véus. A Nova Aliança é vida em movimento: serviço,
justiça, paz, equidade, fraternidade, paz...
“Dirigir-se apressadamente”, dentro de nossa sociedade, não é acelerar
sem razões sérias de viver, mas serenamente caminhar sabendo que ser o amor
alimenta a esperança.
Que os dias festivos nos renovem desde dentro de nós até as estruturas
que nos circundam. Estejamos sempre abertos ao Novo de Deus. ABRI AS PORTA PARA
CRISTO.
E como diz a canção: “Maria, Mãe dos caminhantes, ensina-nos a
caminhar”.
Boas Festas e Feliz Natal.
Edjamir Silva Souza
Padre e Psicólogo.
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