Flauberto Fonseca
Quando nos debruçamos sobre os mais variados temas, sempre buscamos ter em primeiro plano o cuidado de não ofender ou de criar mecanismos de subjugação. Entre os muitos, destaco o Dia de Finados, em razão de ser uma data deveras revestida de vários sentimentos.
Lá na distante França, no ano de 998, do século X, São Odilon, que era um abade beneditino da Abadia de Cluny, instituiu o dia 2 de novembro como meio para que todos rezassem por todos os fiéis católicos falecidos, um feito que posteriormente foi oficializado pela Igreja Católica como uma importante data e única para que todos pudessem reverenciar os mortos.
Um dos temas mais delicados é a morte e tudo o que ela representa no universo humano. Quando chega o Dia de Finados, entre nós, temos momentos de muitas saudades e das mais variadas lembranças de entes queridos e todos os valores que eles representaram com suas presenças entre nós.
A frase mais comum e usual que vez por outra escutamos na passagem de alguém de nosso dia a dia é: "É vida que segue". Como podemos dar uma conotação tão simplória ao passamento de alguém que em vida foi uma referência exemplar, um infindável caminho e um farol de pleno firmamento?
É latente que, na cultura ocidental, a vida é o suprassumo em todos os sentidos. Aí, quando trazemos ao campo da religiosidade, mergulhamos em um universo de discussão sem fim.
Temos ainda os mecanismos do tabu e de todas as suas vertentes, que são inacessíveis quando tratamos da perda de pessoas de nossa comunidade e da convivência diária. Aí, quando tratamos da perda de familiares, nos falta chão para a aceitação de tamanha fatalidade.
Eu, em particular, quando entro em um cemitério, não só no Dia de Finados, mas em outras datas, me revisto dos mais variados sentimentos, que vão de perda até ao pleno respeito a todos que em matéria habitam aquele espaço.
Na minha visão, é importante a imposição do respeito aos que já não estão entre nós e o que eles e elas muito representaram e ainda representam ao conjunto da história de nosso município, cidade e sociedade.
É salutar termos em mente que, no plano em que se encontram, são iguais, independentemente de seus suntuosos jazigos e da quantidade de flores e velas acesas como símbolos de luz a guiar os seus caminhos.
Sempre devemos ter em mente que olhamos para o Campo Santo como um lugar onde repousa a história de nossa cidade e de nosso povo e de todo o seu poder de representatividade, que dá continuidade ao nosso dia a dia.
Cada visitação individual e silenciosa nos concede uma observação analítica da vida e de toda a sua essência e o que nos fortalece no aguardar de nossa futura passagem.
Por Flauberto Fonseca
Por Flauberto Fonseca

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