Aproxima-se
nossa ida a Belém e a cada domingo a espiritualidade do Tempo do Advento nos
permite mergulhar nos “sonhos de Deus”. No primeiro domingo, o profeta Isaías
descrevia que é sonho de Deus transformar “os instrumentos de guerras em
instrumentos de trabalhos (cf. Is 2, 4ss). O Deus da vida quer vida, trabalho e
dignidade para todos e não guerras. No Segundo Domingo, o profeta Isaías
descrevia o desejo do Deus-Justo em ser causa de harmonia entre as forças opositoras da vida (Is 11, 4-8).
Em ambos os casos, supera-se a idéia de um Deus violento, injusto e odioso
(imagem do homem velho). O profeta João Batista fechava a cena dos dois
domingos convidando a crer no projeto de Deus e converter-se à este projeto (cf.
Mt 3, 2ss).
Neste
Terceiro Domingo do Advento, a palavra oportuna que se enquadra na dinâmica da
esperança é “Tende coragem. Não vos assusteis. Eis o Vosso Deus. É Ele quem vem
retribuir” (cf. Is 35, 4). O eco desta
Palavra de Isaías chega até nós e consolida o movimento de nossa vida. Deus não
causa medo, nem pânico, nem é vingativo. O “medo” e a “vingança” são
instrumentos da catequese de gente oportunista que Jesus alertou para não
segui-los (cf. Lc 21, 8ss).
O
anúncio da vinda do Salvador marca a vitalidade da difícil arte de esperar. A
arte de esperar não significa recuar, mas manter viva uma dinâmica de caminhada
que leva a fazer a vida se mover, não só para si, mas para muitos: proximidade,
partilha, denuncia das injustiças, fraternidade.
Os
sonhos do Profeta Isaías, que são os sonhos de Deus, abrem a mente de quem
escuta a Palavra no intuito da luta diária pela justiça social. Os sonhos de
Deus devem fazer nossos jovens, crianças, casais, idosos numa perfeita
comunhão, mergulhar numa caminhada de libertação, equidade, harmonia, liberdade
de direitos subjetivos para que as pessoas alcancem a plenitude de sua vida. É
importante compreender que conversão não significa enjaular sua experiência de
fé em instituições religiosas.
O
evangelho sempre desperta uma nova geração que se move no intuito de
transformar a vida por meio do amor e para o amor. Por isso, a geração que ama
a Deus ama as batalhas da vida em defesa daqueles que são excluídos da vida
social, do orçamento e dos que são excluídos das religiões. Os que amam a Deus
tem um coração livre e nem sempre estes estão aprisionados na ideologia
institucional, mas, apenas, servo da Palavra.
O
anúncio da vinda do Senhor sempre reconstrói a história no mais profundo das
pessoas e comunidades. A esperança é a
virtude que nos mantém em pé, apesar das quedas, das traições, do duro
enfrentamento da sobrevivência, do cinismo de nossos representantes políticos e
nos abre a novos horizontes. Para que a revolução do amor (Justiça do Reino)
aconteça é importante superar o medo.
Edjamir Silva Souza
Padre e Psicólogo

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