quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Radjha Radhir por José Pereira Sobrinho

(Travessa Pedro Viana)


Nascido no Oriente Médio no dia 15 de julho de 1925. Filho do casal Rahir Fahi Morramede e Sara Sudemah Solemah.

Ele e outros familiares chegaram ao Brasil após o término da Segunda Guerra Mundial em 1945.

Inicialmente fixaram residência na cidade de Picuí. Na década de 1950, ele passou a residir na cidade de Cuité.

Sua religião era o judaísmo, tendo como profeta maior Moisés. Não comia carne de porco, nem tomava bebidas alcoólicas. Acreditava que depois da morte haverá um juízo universal, onde cada um será recompensado segundo suas obras. Esperava ainda a vinda do Messias.

Instalou-se em um quarto na Travessa Pedro Viana no centro da cidade. Neste quarto, durante quarenta anos, acumulou toda sorte entulho, papéis velhos e
lataria. Um verdadeiro lixo. Com isso tornou-se conhecido o quarto do Raja. Em um vão de 16 m2 era ao mesmo tempo dormitório, banheiro, cozinha e espaço para guardar todo o lixo recolhido na rua.

Sua vida era um mistério. Sabia-se que o mesmo tinha mulheres e filhos residentes no Oriente. Às vezes vestia-se em um paletó e, bem asseado viajava até a cidade do Recife, para fazer saques no Banco Central. Acredita-se que a família enviava dinheiro para o mesmo. Apesar que, nos últimos anos, quando adoeceu, não foi encontrado qualquer quantia financeira.

Em 1991 foi encontrado muito doente e foi levado para o hospital Pedro Viana e, lá permaneceu, cerca de dois anos até o seu retorno ao país de origem.

Através de uma ordem judicial foi feita a interdição e, foram várias carradas de lixos jogadas fora do quarto misterioso de Radjha.

O pároco da época, Severino Firmino, manteve contatos com a Embaixada do país de Radjha, até que conseguiu juntá-lo a seus familiares no Oriente Médio do ano de 1994.

 Sabe-se apenas que chegou ao seu país de origem e foi recebido por seus familiares. Quanto aos seus bens materiais, o lixão da cidade foi o único herdeiro.

(Extraído do livro "Cuité- Terra Nossa" (2001) de José Pereira Sobrinho ).






Nenhum comentário:

Postar um comentário

O conteúdo do comentário é de inteira responsabilidade do leitor.