O novo Boletim Observatório Fiocruz
Covid-19 mostra aumento no número de casos e de
óbitos por Covid-19 em alguns estados e municípios, ao longo das semanas
epidemiológicas 46 e 47. A taxa de incidência, que já se encontrava em níveis
altos por todo o país, voltou a subir em vários estados e em suas capitais.
Esse cenário refletiu na elevação da taxa de ocupação de leitos UTI para o
tratamento da doença. No entanto, os pesquisadores do Observatório sugerem
cautela quanto a afirmar que o Brasil vive uma “segunda onda” da pandemia,
sendo que o cenário epidemiológico deve ser monitorado.
O Boletim é
realizado por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da instituição,
voltada para o estudo da Covid-19 em suas diferentes áreas. Divulgado
quinzenalmente pela Fiocruz, o estudo apresenta um panorama geral do cenário
epidemiológico da pandemia com indicadores-chave, tais como de taxa de ocupação
e número de leitos de UTI para Covid-19, além de dados de hospitalização e
óbitos por SRAG, que incluem casos severos de Covid-19. Traz ainda uma matéria
especial abordando aspectos estratégicos para o enfrentamento da doença. Nesta
edição o tema é Os muitos desafios da Covid-19 ao sistema de saúde.
Realizada
logo após as semanas epidemiológicas 44 e 45, quando houve interrupção na
inserção de registros no Sivep-Gripe e, consequentemente, defasagem dos
registros nos sistemas de informação, a análise destaca que o número de casos
deve ser tratado com bastante atenção, já que até momento o quadro de
indicadores não reflete a realidade atual.
Taxas de ocupação
Em relação
às taxas de ocupação de leitos de UTI para a Covid-19, a tendência é de
piora do cenário geral, com Amazonas (86%) e Espírito Santo (85,1%)
permanecendo na zona de alerta crítica, e Bahia (61,1%), Minas Gerais (64,5%),
Rio de Janeiro (70%) e Santa Catarina (78,6%) retornando à zona crítica
intermediária, após ter estado fora da zona de alerta.
As capitais
que estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos
superiores a 80% são Manaus (86%), Macapá (92,2%), Vitória (91,5%), Rio de
Janeiro (87%), Curitiba (90%), Florianópolis (83%) e Porto Alegre (88,7%). Além
dessas, também aparecem com taxas preocupantes, mas ainda abaixo da zona de
alerta crítica, Fortaleza (78,7%), Belém (78,3%) e Campo Grande (76,1%).
Quanto ao
número de leitos de UTI para Covid-19, segundo dados do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES), entre os dias 9 e 23 de novembro foi
registrada uma pequena redução de leitos de UTI Covid-19 para adultos em
Alagoas e uma redução mais expressiva no Amapá. Por outro lado, houve
incremento de leitos no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul.
Casos/incidência
Os dados
nacionais apontam para um aumento no número de casos e de óbitos por Covid-19
nas semanas epidemiológicas 46 e 47, após um longo período de redução desses
indicadores. As maiores taxas de incidência de Covid-19 foram observadas
nos estados do Acre, Roraima, Amapá, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, mantendo-se as tendências de semanas anteriores. As taxas de
mortalidade por Covid-19 foram mais elevadas nos estados do Amapá, Espírito
Santo, Rio de Janeiro e Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e no
Distrito Federal.
Nas últimas
duas semanas foram observadas tendências de alta no número de casos no Amapá,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, enquanto o número de óbitos
sofreu aumento expressivo em Roraima, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,
Rio Grande do Sul e Goiás. Devido ao agravamento de alguns quadros clínico, há
uma defasagem de duas ou três semanas entre “picos” de casos e de
óbitos Somada à elevação dos indicadores de casos e óbitos, o Estado do
Rio de Janeiro apresentou uma piora expressiva da taxa de letalidade (6,4%),
dada pela proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19. Esse valor
é considerado alto em relação a outros estados (cerca de 2%) e aos padrões
mundiais, à medida que se aperfeiçoam as capacidades de diagnóstico e de
tratamento oportuno da doença, o que revela graves falhas no sistema de atenção
e vigilância em saúde.
As taxas de
incidência de SRAG observadas nos estados do Mato Grosso do Sul, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e no Distrito Federal foram as
mais altas no período, na faixa entre 7 a 10 casos por 100 mil habitantes. No
Nordeste, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas apresentam crescimento de
número de casos em um processo de reversão do observado em semanas anteriores.
Há uma tendência de aumento também no Sudeste, em São Paulo, Espírito Santo e
Minas Gerais. Esta tendência crescente também está presente em todos os estados
do Sul e no Centro-Oeste, em Mato Grosso do Sul. Ao contrário, no Norte não se
observa em geral aumento, mas uma estabilidade ou reversão para diminuição do
número de casos, como em Roraima e Amapá.
O boletim Infogripe mais
recente também apontou aumento de taxa de incidência em todas as capitais do
Sudeste e em várias capitais de outras regiões no prazo das últimas seis
semanas: Natal, São Luís, Salvador, Maceió, Curitiba, Palmas, Campo Grande e na
região central do Distrito Federal. Capitais como Florianópolis podem ter
revertido a tendência de aumento das últimas semanas.
Diante do atual cenário, os pesquisadores do Observatório Covid-19 ressaltam a importância de uma estratégia de enfrentamento da pandemia que articule a vigilância em saúde, com testes e identificação ativa de casos e contatos, isolamento dos casos, quarentena dos contatos. Tais medidas, destacam os pesquisadores, devem ser combinadas a outras, como distanciamento social e de redução da exposição da população a situações de risco de transmissão do Sars-CoV-2, causador da Covid-19.
Assessoria
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