Trabalhadora doméstica é resgatada após 39 anos em situação análoga à escravidão na Paraíba
G1 PARAÍBA: Vítima era obrigada a cuidar de pelo menos 100 cães adotados pelos patrões e teve o colchão em que dormia destinado para animais em trabalho de parto.
Uma mulher, que
atuava como trabalhadora doméstica, foi resgatada após passar 39 anos em
situação análoga à escravidão, em Campina
Grande, no Agreste da Paraíba. O resgate da vítima, de 57 anos, aconteceu na
quarta-feira (2), durante uma operação deflagrada pela auditoria-fiscal do
Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), Polícia Federal (PF) e Defensoria
Pública da União (DP).
A auditora-fiscal do
trabalho Lidiane Barros informou que a mulher foi tirada da cidade paraibana de
origem, Cuité, aos 18 anos, pelo empregador e a família dele.
“Cuidava dos patrões
idosos, limpava a casa, arrumava e cozinhava, além dos cuidados com a matriarca
da família que ficou acamada e com dificuldades de locomoção. Ainda, a
empregada vivia um processo de coação psicológica que a levava a aceitar as
condições indignas de trabalho com afirmações de que ela teria
responsabilidades com os idosos por ser uma pessoa considerada da família”,
descreveu a auditora.
A carga de trabalho da
vítima aumentou ainda mais há pelo menos cinco anos, quando ela passou a ser
responsabilizada pelo cuidado de cerca de 100 cães adotados pelos patrões. Essas atividades eram
feitas todos os dias da semana, inclusive aos domingos e feriados.
jornada da trabalhadora iniciava por volta das 7h e se
encerrava após a meia-noite por causa do
alto número de cachorros e da obrigação de limpar toda a casa e espaços
destinados ao abrigo dos animais, além de alimentá-los.
As
atividades diárias também envolviam limpar e lavar os canis, limpar fezes e
urinas dos cachorros tanto na parte externa, quanto dentro da casa.
Apesar da mulher receber salário mensal, 13º e férias, ela não usufruía de descanso semanal remunerado, feriado e das férias de 30 dias. Apesar de ter folgas eventuais nos feriados de São Pedro e Réveillon, nunca pôde ficar mais de quatro dias fora das funções.
Segundo
a auditora, este foi o primeiro caso de resgate em trabalho doméstico na
Paraíba. A operação foi realizada a partir de uma denúncia feita Disque
Direitos Humanos – por meio de ligação ao número 100 – sobre a possível
exploração de trabalho.
Após o resgate mulher voltou para cidade natal
Ainda
na quarta-feira, a equipe de fiscalização levou a trabalhadora resgatada para
casa de familiares no interior do estado.
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