segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Padre Edjamir Sousa Silva: É preciso assimilar melhor o caminho

 


O Evangelho de domingo passado (Jo 1 29-34) nos fez “atravessar”, com Jesus, as águas do Rio Jordão e fez-nos lembrar de nosso batismo (cf. 1Cor 1, 1-3). Atravessamos as fontes batismais. Ouvimos o testemunho de João Batista ao apontar para Jesus como aquele que veio tirar o pecado do mundo (Jo 1, 29-30).

O Evangelho deste domingo (Mt 4, 12-23) é o inicio da vida pública de Jesus que nos convida desde já a ouvir/ver e assimilar melhor Sua proposta, à identificar-se e a segui-Lo. Na medida em que ouvinte vai se convencendo, vai também sendo chamado a uma vida nova (nova mentalidade/nova forma de estar no mundo). E tudo isso passa pelo crivo da adesão/conversão. 

No inicio do texto ouvimos que Herodes faz calar João Batista. Mas Jesus faz sua voz ser ouvida por todos os povos! Deixa Nazaré e vai morar em Cafarnaum, às margens do lago da Galileia. Não é atoa sua escolha. Considerava-se a região da Galileia como lugar dos pagãos: “Galileia dos pagãos” (v. 15). 

Cafarnaum abria-se para o mar. A ela recorriam povos de várias regiões pagãs. Assim, a opção de Jesus de morar nessa cidade indica que sua Boa Notícia será proclamada a todos os povos: judeus e pagãos. A todos os povos anuncia-se vida nova. E o que Jesus anuncia? “Convertei-vos, pois o Reino de Deus está próximo” (v. 17).

O Jovem de Nazaré tem utopias de vida digna para todos. Ele não é um jovem alheio aos problemas de seu tempo, alienado e centrado em si mesmo, em sonhos de carreira profissional e econômica, mesmo sendo justo que ele tivesse seus anseios como outros tantos jovens de sua época, mas Ele tem utopias de vida que transcende limites e barreiras, ele quer vida plena pra todos. E isso qualifica e dignifica qualquer pessoa que vai compreendendo a beleza de viver e o sentido da palavra maturidade humana.  

Ela atualiza e cumpre as profecias não à sombra de um proselitismo religioso e fanático, mas como alguém comprometido com a verdade da vida. A mensagem de Jesus é muito simples: Deus se interessa pelas pessoas e não fica alheio aos seus sofrimentos de ninguém. 

Jesus ensina, na sua maneira de ser, que Deus está “indo ao encontro do povo” (v. 17b) e anuncia-lhe a transformação do mundo substituindo as estrutura arcaicas de egoísmo, autoritarismo, opressão, intolerância, preconceitos… para a boa nova da fraternidade entre as pessoas; mas pede-lhe abertura para que este melhor aconteça, pois não existe vida nova em ideologias de conservação: “ninguém coloca remendo novo em roupa velha” (Mt 9, 16), tão defendidas pela classe religiosa com seus ouropéis da vanidade.  

No itinerário da sua vida pública Jesus pede a participação do ser humano para levar adiante a Sua proposta: que “todos tenham vida plena”. Só assim o Reinado de Deus pode acontecer em nosso meio. Ele está próximo (quer dizer já está aqui, perto de mim e de você, no meio/dentro de vós), por isso Jesus nos convida a mudar de vida!

Fé e conversão caminham juntas. Por isso, pertencer a Cristo (ser cristão) consiste em esforçar-se continuamente para ir se conformando a Jesus Cristo. Construir a vida segundo o modelo de Jesus Cristo.

À medida que vamos assimilando o modo de vida de Jesus e fazendo dele o eixo de nossa existência vamos também nos desinstalando daquele tipo de religiosidade interesseira para uma fé viva que nos leva a ser “pescadores de homens”, ou seja, vamos ao encontro do povo  com a proposta do Reino para lhe dar vida digna e plena.  

A quem seguimos nesta vida? Essa questão deve estar sempre presente em nosso coração, uma vez que a fé consiste em seguir Jesus. Se de fato queremos ser seguidores de Jesus Cristo, cabe-nos prestar ouvidos à sua mensagem, abraçar sua causa, aderir somente a ele. Nossa comunidade está centralizada em Cristo? Sua adesão a Cristo é total, ou seus membros estão perdidos nas trevas da auto-referencialidade e da não concórdia?

Boa semana para todos!

Fonte: Paraibaonline

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