segunda-feira, 3 de julho de 2023

Padre Edjamir Sousa Silva: Testemunhas de Jesus Cristo

 


A Liturgia da Palavra destes últimos domingos nos levou ao olhar misericordioso de Jesus sobre as necessidades do povo e a conVOCAÇÃO dos Seus colaboradores imediatos (os doze apóstolos). Aprendemos que toda vocação nasce do compromisso de Jesus, que veio anunciar a Boa Nova do Reino de Deus e a salvação da humanidade.

Este anúncio, feito com palavras e obras, tem seus desafios, em todos os tempos e lugares, seja em momentos de tranquilidade ou em realidades hostis.

Na Solenidade de São Pedro e São Paulo, pilares da Igreja, a liturgia nos convida a celebrar o testemunho desses mártires da fé. Ambos representam duas dimensões da vocação apostólica, diferentes, mas complementares: carisma e instituição. Paulo, o grande missionário entre os gentios; Pedro, o guardião da fé.

No Evangelho, Jesus conscientiza os apóstolos, perguntando-lhes quem ele é na opinião dos outros e deles mesmos. Em relação às pessoas, a resposta dos discípulos explicita as diversas esperanças messiânicas populares. O que interessa, no entanto, é a resposta daqueles que caminham com Jesus, se os discípulos realmente entendem a verdadeira identidade do seu Mestre.

“CRISTO, FILHO DO DEUS VIVO” (Mt 16, 16). Pedro, representando a comunidade, toma a iniciativa e responde que Jesus é o enviado, o Filho do Deus Vivo.

O saber sobre Deus não é um mero saber escolástico (na tentativa de racionalizar Deus), não é fruto das especulações humanas, mas sim da revelação do próprio Deus. É o próprio Pai quem o revela à comunidade dos seguidores, aqui representada por Pedro. E é sobre a fé confessada no Cristo, Filho do Deus vivo, que a Igreja é edificada.

Uma vez que a comunidade cristã é edificada sobre a fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (v. 18). A iniquidade do mundo, as potencias do mal e da morte não poderão nada contra a Igreja, que é uma realização provisória do Reino de Deus nos caminhos da historia.

Nesse caminho a Igreja também recebe uma tarefa, simbolizada pelas “chaves do Reino dos Céus”: cuidar da obra divina, não como seu proprietário – pois o Reino é de Deus –, mas assumindo o serviço de mordomo, cuja tarefa é cuidar da casa (povo) para seu verdadeiro Senhor (Is 22,22). O representante dos Doze, Pedro, tem como tarefa o cuidado pastoral, administrar as responsabilidades da evangelização. É o papel de quem está à frente da “casa/povo”, seja um líder em sua comunidade (pastoral/movimento), um presbítero em sua paróquia ou um bispo em sua diocese.

Uma das tarefas da Igreja é ligar ou desligar do Reino do Céu tudo o que está na terra. Essa tarefa se refere à responsabilidade pastoral na orientação dos fiéis em sua comunhão com Deus e com a comunidade, concretizada na visibilidade do sacramento da reconciliação.

Na figura do apostolo Paulo, o grande missionário, aprendemos que a Igreja tem um jeito que lhe deve ser tão própria: missionária. É parte constitutiva da sua catolicidade.

A Igreja, representada nesses dois apóstolos, é formada por pessoas que professam sua fé no Cristo e assumem essa mesma fé na vida, de modo concreto, por suas ações, palavras e compromisso com o Reino de Deus.

O Papa Francisco, sucessor de Pedro em nossos dias, sabe muito bem que sua tarefa não é “fazer as vezes de Cristo”, mas sim cuidar do rebanho, em nome Dele; para que os cristãos de hoje encontrem e sigam Jesus!

Consciente do papel da Igreja, o papa Francisco sabe que esta é a sua maior preocupação: ajudar a Igreja a sair de si mesma: “ir ao povo”, sair dos presbitérios do poder, dos altares litúrgicos cheios de pompas e ir ao encontro dos pequenos, dos sem voz que nem frequentam mais as nossas igrejas (às vezes com medo da própria Igreja)… e aí sim, anunciar o Evangelho de Jesus.

A Igreja é de Jesus, não é do clero, nem de nenhum pregador ou coordenador “ungido”. Se perdermos isto de vista e nos deixarmos conduzir por um clericalismo (idolátrico e subserviente), não estamos sendo fiéis à proposta do Senhor.

Rezemos pelo papa Francisco, pelos nossos bispos, religiosas (os), leigas (os) que edificam a Igreja de Jesus Cristo, nos dias de hoje.

Boa semana para todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O conteúdo do comentário é de inteira responsabilidade do leitor.